Alguns dos réus desse primeiro bloco de julgamento, acusado de 15
mortes no segundo pavimento (primeiro andar) do Pavilhão 9 – serão
julgados, ao todo, 79 policiais militares acusados de participação na
morte de 111 presos da Casa de Detenção de São Paulo, em 1992 – chegaram
a ocupar posições estratégicas na Polícia Militar (PM). É o caso dos
tenentes-coronéis Ronaldo Ribeiro dos Santos, que comandou o 37º
Batalhão, no Capão Redondo, Zona Sul de São Paulo, e de Maurício
Marchese Rodrigues, escolhido comandante do 1º Batalhão de Policiament o
Ambiental. O também tenente-coronel Eduardo Espósito é hoje secretário
de Segurança Pública em Santana de Parnaíba, município da Grande São
Paulo. Já o capitão Marcos Ricardo Poloniato chegou a comandar a Defesa
Civil de Piratininga, no interior paulista.
O ex-comandante das
Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota), o tenente-coronel Salvador
Modesto Madia, que liderou a tropa de elite da PM paulista no ano
passado, vai participar do segundo bloco de réus, responsável por 78
mortes.
Policiais deveriam ter sido afastados, diz advogado
Para
o advogado Ariel de Castro Alves, do Movimento Nacional de Direitos
Humanos, os réus no processo do “Massacre do Carandiru” deveriam ter
sido afastados da corporação.
- É um estímulo à violência
praticada por policiais militares, e que vimos nos dias de hoje. Em
2002, a Organização dos Estados Americanos (OEA) fez importantes
recomendações e cobrou punição aos responsáveis do governo paulista, que
não cumpriu. É a mesma coisa de manter agentes responsáveis por tortura
nos tempos da ditadura na Polícia Civil – disse Alves, citando os
exemplos dos delegados Aparecido Laertes Calandra (conhecido como
capitão Ubirajara), nomeado pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB), em
2002, para um dos postos de chefia do Departamento Estadual de
Investigações sobre Narcóticos (Denarc), e Dirceu Gravina, delegado de
polícia em Presidente Prudente, no interior do estado, conhecido nos
meios de repressão como JC e responsável pelo comando de interrogatórios
no DOI-Codi.
Os 26 réus que começam a ser julgados hoje são
Ronaldo Ribeiro dos Santos; Aércio Dornelas Santos; Wlandekis Antonio
Candido Silva; Roberto Alberto da Silva; Antonio Luiz Aparecido
Marangoni; Joel Cantilio Dias; Pedro Paulo de Oliveira Marques; Gervásio
Pereira dos Santos Filho; Marcos Antonio de Medeiros; Paulo Estevão de
Melo; Haroldo Wilson de Mello; Roberto Yoshio Yoshikado; Fernando
Trindade; Salvador Sarnelli; Argemiro Cândido; Elder Tarabori; Antonio
Mauro Scarpa; Marcelo José de Lira; Roberto do Carmo Filho; Zaqueu
Teixeira; Osvaldo Papa; Reinaldo Henrique de Oliveira; Sidnei Serafim
dos Anjos; Eduardo Espósito; Maurício Marchese Rodrigues; e Marcos
Ricardo Poloniato.
Fonte: O Globo
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