Após a última consulta com os médicos em Goiânia, no final da tarde
desta sexta-feira, 11, o entregador Márcio Ronny da Cruz, 37 anos, está
pronto para retornar ao Maranhão no final de semana. Ele passou por 14
cirurgias para minimizar as queimaduras que sofreu ao salvar três
pessoas em um ônibus incendiado, fruto de um ataque criminoso comandado
de dentro de presídios maranhenses, no dia 3 de janeiro deste ano, em
São Luís.
“Na hora não pensei duas vezes. Ouvi os gritos, apaguei o fogo do meu
corpo (se molhando em uma poça de lama) e retornei ao ônibus. Não tenho
arrependimento nenhum. Espero que sirva de exemplo”, reforçou.
Entre
as vítimas estava a menina Ana Clara Santos Souza, de 6 anos, a quem o
trabalhador se abraçou tentando abafar o fogo. Com 90% do corpo
queimado, a criança não resistiu. As outras vítimas eram a mãe e uma
irmã de Ana Clara. Márcio sofreu queimaduras em 72% do corpo. Ele foi
transferido para Goiânia, onde há centros de referência no atendimento a
queimados.
Mesmo ainda se restabelecendo, utilizando roupas
especiais que cobrem o corpo todo, Márcio visitou esta semana o Hospital
Geral de Goiânia, onde chegou primeiro e foi internado na UTI, passando
por três cirurgias na unidade, antes de ser transferido para o Hospital
de Queimaduras de Goiânia, onde ocorreram as demais cirurgias. Ele foi
agradecer as equipes de médicos e enfermeiros da unidade pública.
A
família aguarda que o governo do Maranhão envie as passagens aéreas
para que Márcio possa retornar a São Luís. Ele terá de voltar a Goiânia
uma vez por mês para a manutenção do tratamento. A sobrevivência do
trabalhador, esposa e cinco filhos, também dependerá do governo do
Maranhão, porque ele estima no mínimo oito meses de repouso, conforme
tem sido a orientação médica. “Vivemos do meu trabalho”, conclui.
Do Jornal Pequeno
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